Poesia e Viagem: Um brinde ao infinito
- Cultura Navegável
- 11 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de jan.
Nessa crônica as personagens experimentam o que é estar à beira do infinito, entre o desejo e o fascínio por tudo o que nunca termina.
"Segura minha mão", pediu a garota enquanto se apoiava na calota do trailer.
O vento forte bagunçava seus longos cabelos negros. Apesar do vento, o fim de tarde estava quente. O sol já havia se posto mas, a escuridão não estava completa. Era aquela hora do dia que o céu fica laranja-rosa-azul-escuro, tudo ao mesmo tempo…
E o mar reflete todas as cores.
“Pronto. foi difícil chegar aqui, hein?” Reclamou o menino quando ambos já estavam acomodados em cima do trailer. A ideia maluca foi dela, lógico.
Era um trailer velho, daqueles que vendem pastel na praia e, estava lá, justamente naquele momento mágico do dia. Os jovens enamorados, se é que assim podemos denominá-los, procuravam um lugar para ficarem juntos em paz.

“Mas tá valendo a pena, não está?” Ela respondeu enquanto admirava o mar. As ondas iam e vinham no balanço característico. As espumas borbulhavam, as cores se misturavam, em instantes o céu ficaria escuro e, a cada onda que se quebrava era como se ela tirasse uma foto com os olhos, queria eternizar aquele momento. Se não fosse em fotos que fosse na memória.
“Em que você tá pensando?” Ele perguntou percebendo a distração da garota.
“No infinito….” Ela via a linha do horizonte que dividia o céu e a terra e queria se teletransportar para lá, para tudo, para tudo que não tivesse fim, para o infinito. Ela não queria apenas estar no infinito, ela almejava o infinito. O infinito do espaço, o infinito do tempo, o infinito do amor. Ela era infinita com toda sua intensidade.
Ela ainda não sabia, mas aquele momento realmente seria infinito para ela, nas suas lembranças e no seu coração. Olhando para o mesmo ponto, eles sorriam e juntos desejavam.

Talvez esse momento não seja uma história de amor, mas sim de uma energia, uma força maior que os une e que permanecerá viva toda eternidade, até o infinito. Naquele instante, suspensos no tempo e na beleza da natureza, eles compartilham o desejo pelo eterno, por um vínculo que transcende o tempo e o espaço.
Olhando juntos para o horizonte, de mãos dadas e sorrisos discretos, eles compartilham mais do que palavras. E, ainda que este momento possa se desvanecer como o pôr do sol, ele viverá infinitamente nas lembranças de quem ousa sonhar com o eterno.
Poesia e viagem
Com diálogos breves e intensos, essa crônica nos conduz a uma imersão na natureza e no coração humano, explorando o mistério do tempo e da memória. Ela captura o desejo por algo que ultrapassa o momento – a busca de um sentimento, de uma conexão e de um instante que ecoa infinitamente. Cada linha de poesia e viagem transborda uma energia atemporal, e, ao mesmo tempo, nos lembra da simplicidade e da preciosidade dos momentos partilhados.

Esta crônica é um convite para os amantes de viagens e de literatura. Ao ler, somos transportados para esse pôr do sol à beira do mar, e somos lembrados de como a aventura de viajar se parece com a aventura de viver: ambos nos levam a lugares desconhecidos, a reflexões profundas e a sentimentos que transcendem o instante. Na união entre o viajar e o sonhar, esta história é um lembrete poético de que, muitas vezes, o destino mais importante é aquele que nos leva ao encontro do que há de eterno em nós mesmos.
Poesias que se tornaram livro
No livro "Navegando em Poesia", a essência da obra são momentos de pura contemplação e uma busca por sentido que se desdobra como uma jornada. Nessa crônica, a medida que as protagonistas se aventuram até o alto de um velho trailer, é como se subissem em direção às próprias emoções, em um ato de entrega ao instante. Essa cena, com o mar e o céu refletindo uma explosão de cores, é um reflexo do espírito de "Navegando em Poesia": navegar não só por paisagens, mas pelas profundezas do próprio coração e dos sonhos que nos guiam.

A crônica conecta-se ao tema do livro ao explorar o desejo de eternizar o que é efêmero – uma emoção, uma paisagem, um instante. Assim como em uma viagem, "Navegando em Poesia" nos leva de encontro ao desconhecido e ao infinito dentro de cada um de nós. A narrativa é um lembrete de que a vida é um constante navegar entre o concreto e o abstrato, e que a poesia está justamente em capturar essas viagens da alma, seja no amor, seja na observação do mundo, ou nas pequenas aventuras que nos fazem sentir vivos.
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