Reflexões sobre uma mulher viajante, que ao longo de sua jornada rompe algumas barreiras daquilo que está na cartilha social sobre "ser mulher"
Por Maria Fernanda Romero
Sou mulher.
Meu espaço frequentemente é invadido
meus desejos frequentemente são hostilizados
sou objetificada.
Sou mulher,
Às vezes, menina,
sou sensível
não sou fraca
nem sou louca
não sou histérica.
Sou mulher
sangro por uma semana
mesmo quando não estou machucada
as feridas que mais doem são outras
o coração, às vezes, aperta.
Sou mulher
tenho a possibilidade de ter filhos
deveria ter a possibilidade de não querê-los.
Sou mulher
sou guerreira
sou bruxa
sou flores
sou cores,
sou amores.
Ser mulher na estrada
Muitas vezes ser mulher na estrada, viajando sozinha, causa espantos, perguntas e questionamentos. A sociedade, por muitos séculos, reservou para as mulheres o espaço privado, o espaço do lar, ao lado do homem provedor, seja ele o pai ou o marido.
O papel da mulher foi questionado algumas vezes durante a história, surgindo assim o movimento feminista. Tal movimento expandiu tanto, que nem sempre as pautas representam todas as mulheres. Por conta disso me aproximei do feminismo interseccional, uma vertente do feminismo que busca entender a mulher dentro do recorte que ela está inserida, seja em um pequeno vilarejo na Namíbia, no litoral brasileiro ou em uma grande capital européia.
O feminismo interseccional reconhece a pluralidade das mulheres e de suas necessidades, porém também mapeia aquilo que é semelhante entre as mulheres ao redor do mundo. A busca pela liberdade e independência, seja emocional, institucional ou financeira é algo observado em diferentes recortes socioeconômicos de mulheres.
Ser mulher viajante é desafiar os papeis de gênero, o medo muitas vezes imposto e o perigo real, quase sempre por conta dos homens. Ser mulher na estrado é construir autoconfiança e conquistar, mesmo que de certa forma, uma liberdade.
Leia outras poesias de viagem
Uma viagem que se tornou um Livro
“Navegando em poesia” é um relato da vida de uma mulher plural. Maria Fernanda revela, sem medo e sem filtro, as suas muitas marias num discurso enfático e assertivo, que quase não se deixa seduzir por metáforas.
O livro é uma construção de três pilares da vida: existência, liberdade e amor. A escritora constrói um diálogo com o tema sob a ótica de uma mulher em crescimento, em processo de libertação e em desencontro afinal. O que traduz um trajeto que contém a aventura da vida.
Comments