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Spannabis mostra o potencial da indústria da maconha na Espanha

Atualizado: 8 de set.

As novas legislações permitem novas tecnologias e cenários cada vez mais promissores para a indústria da maconha.


A Spannabis é uma das maiores feiras cannábicas do mundo e ocorre no mês de março em Barcelona e no mês de setembro em Bilbao. A feira reúne todos os apaixonados por cannabos da Europa e do mundo, desde dos consumidores primários até produtores e todos os especialistas da indústria da maconha.


O evento mostra que a maconha deixou de ser apenas um entorpecente e tornou-se quase um artigo de luxo que tem infinitas variações, acessórios adjacentes, seguidores e especialistas. Já pode ser comparada com o vinho, uma substância que tem amantes e curiosos no mundo todo.


entrada de uma das principais feiras da indústria da maconha do mundo
Spannabis Barcelona


Cannabis na Indústira e Medicina


Muito além das suas propriedades alucinogenas, a cannabis medicinal e o cânhamo industrial ganham cada vez mais espaço. Na Esapnha e outros países que permitem a maconha medicinal e indústiral (normalmente com até 0,2% de THC) como por exemplo, Inglaterra, Suíça, Estados Unidos e Uruguai estão invenstindo em uma variedade de produtos visando o lado medicinal.


a foto mostra dois pesquisadores de branco com tubos de ensaio e um pote de maconha medicinal, uma frente muito importante na indústria da maconha
Pesquisadores de maconha medicinal, uma frente muito importante na indústria da maconha

Já a cannabis industrial tem utilidade na indústria têxtil, na construção civil, pode substituir o plástico e pode até ser usada como combustível. A Spannabis é uma feira onde é possível ver aplicado as possibilidades de uso medicinais e industriais da cannabis e as novas tecnologias para o cultivo e outras formas de uso e extração da cannabis.


Como é a Spannabis em Barcelona?


As categorias de expositores são: Banco de Sementes, Cânhamo Industrial, Acessórios, Grow Shops, Medicinal, Fertilizantes,  Vaporizadores e  Têxtil. Paralelamente à feira acontece uma votação na qual alguns jurados dentro do público escolhem o melhor expositor de cada categoria.


Mais de 250 expositores compareceram à feira, dentre os quais os já conhecidos Barney’s Farm, DNA e Sensi Seeds, mas também alguns novos, como Carroll Leds. A feira também recebe a World Cannabis Conferences, que é Congresso Internacional sobre cannabis, com exposição de especialista em diferentes áreas.


Mini máquina de Rosin, uma extração de cannabis usada na indústria da maconha
Mini máquina de Rosin, uma extração de cannabis

É impressionante a variedade de categorias e até de produtos dentro da mesma categoria. A Sensi Seeds, que é um banco de sementes conhecido, é uma das empresas que explora o lado alimentício da planta. Eles produzem agora o Hemp Protein Shake, um concentrado de proteína que não tem nenhum efeito alucinógeno, pois é feito com o caule da planta. Além de rico em proteínas o shake tem Vitamina B e ferro em sua composição.


Os fertilizantes, reguladores de solo e sistemas de iluminação à base de cannabis estão cada vez mais potentes. Mas as “parafernálias”, que são os novos utensílios relacionados à erva também estão se diversificando. A Rosin Tech, por exemplo é uma empresa que vende máquinas que extraem o rosin da flor de marijuana. As máquinas são conhecidas e custam em torno de €3000, porém a empresa teve a sacada de vender uma mini-máquina para os consumidores comuns poderem fazer a própria extração em casa. A mini-máquina custa em torno de 250 euros.


Empresa da indústria da maconha apresenta linha de cânhamo comestível, na foto dois azeites e três suplementos
Sensi Seeds apresenta sua linha de cânhamo para suplementar a dieta

A Trimpro foi uma das empresas que estava vendendo máquinas que fazem o “trim” automaticamente, isto é, que tiram o excesso de plantas da flor de marijuana. Entretanto, essas máquinas diminuem a qualidade do processo e tiram os empregos das pessoas que o fazem manualmente.


O ambiente cannábico é predominantemente masculino, assim como os empresários e pesquisadores desse ramo. Porém, isto está mudando e conforme o ramo cresce também cresce o número de mulheres que estão ocupando espaço nesse mundo. O fórum conta com debates sobre as mulheres cannábicas.


foto mostra máquina para fazer a poda da maconha automaticamente
Máquina para fazer "trim" automático


Mulheres e cannabis


Alice Reis, 24, brasileira e psicóloga é uma das fundadoras da plataforma digital Girls in Green. A plataforma reúne informações do mundo cannábico no Brasil e no mundo. As duas criadoras da plataforma são entusiastas de viagens e cannabis e têm por objetivo tirar o estigma negativo do usuário de maconha, mas também buscar a representatividade da mulher em um ambiente ainda muito masculino.


“No nosso espaço falamos sobre viagens, política de drogas e maconha. É um espaço para todos, mas permitimos muita conversa entre as mulheres. É um espaço em que as mulheres são acolhidas e muitas vezes desabafam. Nós respondemos todas que entram em contato com a gente, seja tirando dúvidas ou apenas ouvindo as histórias das meninas.”, conta a psicóloga, que completa dizendo que procura incentivar as seguidoras do site a dividirem suas experiências na plataforma. 


Congresso Internacional sobre o Mercado Canábico

Ainda no primeiro dia do evento, a conferência recebeu o ICBC, o fórum internacional sobre mercado da maconha. Já no sábado, foi o dia da maconha medicinal com a presença do Observatório Espanhol da Cannabis Medicinal. 



imagem mostra um troféu para vencedor da competição da feira
Troféu da Spannabis


“Ainda temos que avançar muito no estudo sobre cannabis medicinal. Infelizmente só são permitidos atualmente óleos de maconha de CBD com até 0,2% de THC. O problema é que sabemos que no nível de microdoses os dois trabalham bem juntos” Conta Q., produtor de óleo medicinal de CBD.  “Ainda há muita propaganda demasiadamente ruim do THC e muita propaganda demasiadamente boa do CBD”, completa o produtor.


Muitos frequentadores da feira estão muito felizes com o crescimento da Indústria da maconha, mas isso também traz sentimentos pessimistas. “Hoje em dia quem trabalha na indústria cannábica são os apaixonados. Essas pessoas trabalham de forma underground, improvisando e muitas grandes empresas podem ocupar esses espaços.”, conta Jean, francês, 34. “A legalidade da maconha ainda é incerta, ela é cinza. Muitas empresas estão esperando uma regulamentação mais clara, mas tenho medo que a grande indústria monopolize o mercado da maconha e tudo fique nas mãos do grande Lobby”, completa.


Maconha no cenário internacional

Nos Estados Unidos é possível observar que o mercado da maconha já está completamente mercantilizado e que, por consequência do modelo capitalista, os preços subiram muito. O modelo sulamericano de legalização é bem diferente, no entanto, Jean não acredita que a Europa deva seguir por esse caminho, uma vez que desde já os europeus enxergam a maconha como mercadoria.


Alice Reis, que também já esteve na maior feira cannábica do mundo, a Emerald Cup nos Estados Unidos e na Cannabis Cup de Montevideo destaca as diferenças: “Nos Estados Unidos é permitido inclusive a venda da maconha com concentrações variadas de THC, enquanto a feira do Uruguai é muito voltada para o cultivo e, principalmente, para o pequeno cultivador”.

Foto mostra fonte e prédios neoclássicos típicos do centro de Barcelona no fundo
Barceona, cidade sede da Spannabis

O mercado europeu de cannabis ainda não está tão consolidado, mas existem avanços e podemos observar isso na feira. A Spannabis é um espaço muito importante que fornece debate, educação e troca de informações sobre a cannabis e seus diferentes usos.


Espero poder conhecer a edição da Spannabis em Bilbao para aprender cada vez mais sobre os avanços da plantinha no cenário internacional.

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